Terapia regenerativa com células-tronco para a calvície

O transplante capilar é, atualmente, o único tratamento capaz de fazer com que os fios cresçam novamente em áreas sem folículos capilares. Porém, a medicina vem desenvolvendo outros tratamentos que possam retardar a queda dos fios. Uma dessas alternativas é a terapia regenerativa com células-tronco para produzir novos folículos capilares.

Ainda em estudo, esse procedimento promete revolucionar os tratamentos capilares atuais. Contudo, ainda está em fase experimental. Neste texto, você entenderá o que é terapia regenerativa com células-tronco, como funciona e o impacto que pode gerar na alopecia. Continue a leitura.

O que são células-tronco?

Células-tronco são células do corpo humano com duas características muito distintas:

  • conseguem se multiplicar por muito tempo;
  • podem se transformar em células de outros tipos, como as do sangue, dos ossos, músculos e cérebro.

Essas duas características, principalmente a última, oferecem um grande potencial para a medicina. Enquanto uma célula óssea só consegue se desenvolver nos ossos, a célula-tronco consegue se adaptar a diferentes tecidos. Isso, claro, depende também do seu tipo:

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  • madura: é extraída de um tecido já maduro, como a medula óssea ou o cordão umbilical, e só consegue se transformar em alguns tipos de célula;
  • embrionária: encontrada nos primeiros dias de desenvolvimento do embrião, pode virar qualquer célula do corpo;
  • Induzida (iPS): é uma célula comum (como da pele) reprogramada em laboratório para voltar ao estado de célula-tronco.

O que é a terapia regenerativa com células-tronco?

Terapia regenerativa com células-tronco é uma abordagem experimental que utiliza células-tronco-para estimular o crescimento capilar e regenerar folículos pilosos danificados ou inativos, o que pode ajudar em casos de calvície (alopecia androgenética) ou queda de cabelo por outros fatores.

Nesse caso, a célula utilizada é a madura, produzida pelo organismo do próprio paciente.

Como a terapia regenerativa com células-tronco funciona?

Quando falamos de transplante capilar, as células-tronco trabalham para regenerar os folículos capilares do paciente. O cirurgião retira as células do próprio indivíduo (do sangue ou da medula óssea, por exemplo) e as utiliza para estimular o trabalho dos folículos ali existentes. 

Os primeiros trabalhos ocorreram em 2004. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (EUA) utilizaram ratos sem sistema imunológico (para que não houvesse rejeição) e transplantaram as células para induzir o crescimento dos fios de cabelo. 

Em menos de quatro semanas, as células-tronco desenvolveram novos folículos capilares e, consequentemente, novos fios de cabelo no corpo dos ratos.

Hoje, a terapia regenerativa com células-tronco está na fase de estudo clínico, ou seja, em testes feitos com seres humanos. Ainda neste texto, você verá o resultado de um estudo divulgado em 2024 e feito aqui no Brasil.

Veja cada etapa da terapia regenerativa com células-tronco.

Extração de células-tronco

Nosso corpo conta com várias partes que produzem células-tronco. Contudo, a região que mais cede essas estruturas para a terapia regenerativa é o tecido adiposo (células-tronco mesenquimais), seguido pelo sangue e o próprio couro cabeludo. 

Aqui, o cirurgião retira uma pequena quantidade de gordura ou sangue para a extração das células que serão utilizadas no tratamento.

Preparo das células 

Essas células, então, são processadas e injetadas novamente na cabeça. Assim que transplantadas, começam a trabalhar na regeneração dos folículos capilares inativos e, com o tempo, promovem o nascimento e crescimento de fios mais fortes.

Exossomos e PRP

Como a terapia com células-tronco continua em fase experimental, atualmente a medicina utiliza outras alternativas para estimular o funcionamento dos folículos inativos. Uma delas é o uso de exossomos e plasma rico em plaquetas (PRP) 

Exossomos são vesículas extracelulares liberadas pelas células-tronco que contêm sinais bioquímicos. Em vez de injetar as células, o médico utiliza essa substância para estimular o crescimento capilar.

Já o tratamento com PRP trabalha com a aplicação de uma porção de plasma sanguíneo no couro cabeludo do paciente. O tratamento visa recuperar folículos danificados/inativos e promover o crescimento capilar. 

Ambos os tratamentos são feitos com o transplante capilar, ou seja, estimulam tanto os folículos danificados quanto os transplantados.

Cultivo de novos folículos em laboratório

Em estágio ainda mais experimental, cientistas tentam cultivar folículos pilosos a partir de células-tronco para implantar diretamente no couro cabeludo.

O que são folículos capilares inativos?

A terapia regenerativa com células-tronco visa estimular os folículos inativos, estruturas produtoras de cabelo que, por algum motivo, pararam de desenvolvê-lo. É importante entender que, embora não estejam trabalhando, esses folículos ainda funcionam. Portanto, o problema ainda é reversível.

Quando falamos de alopecia androgenética, conhecida popularmente como calvície, a di-hidrotestosterona (DHT) atua para que os folículos fiquem inativos. Nesse processo, além de encurtar a fase anágena (crescimento) e prolongar a telógena (queda) do fio, o hormônio também impede que o sangue chegue com nutrientes ao couro cabeludo. Dessa forma, o folículo produz um cabelo cada vez mais fino e fraco.

Enquanto o folículo está inativo, ainda é capaz de produzir fios. O problema ocorre quando o folículo morre. Nesse ponto, não há nada que possa reverter o ocorrido.

A terapia regenerativa com células-tronco atua em folículos inativos, mas não mortos. Quando ele morre, apenas o transplante capilar consegue fazer um novo fio crescer naquela área.

Quem poderá passar pela terapia regenerativa com células-tronco?

A terapia ainda está em fase experimental. Contudo, os testes se voltam principalmente a:

  • pessoas com alopecia androgenética;
  • casos de queda de cabelo difusa;
  • quem não responde bem a tratamentos convencionais, como minoxidil ou finasterida.

Novamente, a terapia ainda não é padronizada nem aprovada como tratamento oficial pela maioria das agências de saúde.

O que saber antes de tentar o tratamento

Além de estar na fase de estudo clínico, o tratamento com células-tronco tem um custo elevado. Por ser algo novo e de alta tecnologia, os preços costumam ser altos.

Outro fator importante tem relação a riscos e eficácia. Embora geralmente considerados seguros, os efeitos de longo prazo ainda não são totalmente conhecidos, e a eficácia pode variar muito entre os pacientes.

Por fim, sempre busque profissionais com respaldo científico e autorização para atuar com terapias celulares. Apenas médicos poderão fazer um tratamento capilar com fármacos e adequado para seu problema. 

Por exemplo: o paciente pode sofrer com alopecia areata, cujos fios caem, mas podem voltar a crescer. Portanto, não adianta tratar os folículos com os mesmos recursos usados par alopecia androgenética, pois são duas disfunções muito diferentes.

Qual a situação atual da terapia regenerativa no couro cabeludo?

Lá em 2004, as primeiras tentativas ocorreram em ratos. Atualmente, existem ensaios clínicos em humanos em andamento em países como Japão, EUA e Coreia do Sul.

Em 2024, um estudo experimental no Brasil mostrou como cinco pacientes com alopecia androgenética reagiram à terapia regenerativa com células-tronco CD34, encontradas na medula óssea e no sangue periférico. Os primeiros resultados apareceram em 20 dias após o início do tratamento. Com 30 dias, a evolução foi ainda mais significativa. 

Alguns centros brasileiros oferecem terapias com fatores derivados de células-tronco, mas o uso das células propriamente ditas para crescimento capilar ainda não é amplamente autorizado pela Anvisa. 

Antes de adotar qualquer tratamento, pesquise pelo registro do médico no site do Conselho Federal de Medicina (CFM) para ter certeza de sua experiência em terapias capilares. 

Como identificar um folículo capilar morto?

Apenas um profissional qualificado, como um dermatologista ou tricologista, poderá dar o diagnóstico correto sobre o couro cabeludo. Porém, o paciente pode observar certas características para avaliar se o folículo parece inativo ou já morto.

Textura da pele

A principal dica, claro, é a observação. Se o couro cabeludo estiver com a pele muito brilhante, pode ser que os folículos já estejam mortos. Veja também se a região está realmente lisa ou se conta com fios muito finos (folículos inativos podem formar uma pelugem quase imperceptível).

Falta de resposta a tratamentos

Minoxidil, finasterida e dutasterida começam a mostrar resultados a partir do terceiro mês de uso. O paciente, portanto, precisa ter paciência com o tratamento. Mas se depois de seis meses a região não mostrar nenhuma melhora, talvez os folículos já tenham morrido.

Exames corretos

Como dito, apenas médicos especializados podem diagnosticar se o folículo está morto ou inativo. Veja quais são os principais exames:

  • Tricoscopia (dermatoscopia do couro cabeludo): exame feito por dermatologistas com um aparelho que amplia e analisa os folículos. Permite observar presença ou ausência de orifícios foliculares, miniaturização de fios, inflamação ou cicatrizes;
  • Biópsia do couro cabeludo (em casos específicos): o médico remove um pequeno pedaço do couro cabeludo para análise laboratorial. É o método mais preciso para saber se há destruição ou cicatrização dos folículos;
  • Teste de tração: consiste em puxar uma mecha de cabelo e observar quantos fios se soltam. O teste avalia a densidade e a vitalidade dos fios presentes para inferir a saúde dos folículos.

A terapia regenerativa com células-tronco substituirá o transplante capilar?

Não, porque a terapia regenerativa estimula folículos inativos e danificados, mas não funciona em estruturas mortas. Somente o transplante capilar faz com que o cabelo cresça em regiões calvas, já que redistribui unidades capilares saudáveis em todo o couro cabeludo, deixando a região mais homogênea. 

Como você viu, a terapia regenerativa com células-tronco é uma revolução no tratamento para queda ou perda de cabelo. Ao estimular folículos danificados ou inativos, a prática induz estruturas que nem mesmo os remédios mais eficazes foram capazes. Mas, caso os folículos estejam mortos, é hora de conversar com um cirurgião-plástico e conversar sobre um transplante capilar.

Se você notou rarefações no couro cabeludo e não conseguiu revertê-las com o tratamento tradicional, converse sobre a cirurgia. O cirurgião não apenas fará uma melhor distribuição dos folículos do couro cabeludo, como também oferecerá o melhor resultado para o paciente.

Entre em contato com a Clínica Mauad e marque sua consulta.

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